É quarta feira que fala? Então CHORA!
Chora 01 – Debora
“Oi Cony! Meu chora pode ser algo simples, mas que me desestabiliza completamente. Vou tentar resumir um pouco.
Saí de casa aos 18 anos pra fazer faculdade, numa cidade a 200km de distância da casa dos meus pais. Hoje tenho 25 anos, formada há pouco tempo, porém nunca consegui uma vaga na minha área. Namoro há 7 anos com alguém que tenho certeza que é com quem quero passar o resto dos meus dias. Nos completamos muito bem. Meus pais sempre o adoraram. Desses 7 anos, 6 anos e meio namoramos a distância (aproximadamente 600km). Há 6 meses, depois que me formei, resolvi vir morar junto. Ele ainda está terminando a faculdade, e por enquanto ainda moramos com a mãe dele. Já que, comigo desempregada, e os gastos da faculdade dele, nao conseguiríamos nos manter pagando aluguel.
O meu problema, na verdade, é com a minha família, que ficou na minha cidade. Sou filha única, de pais com valores “tradicionais”. Meu relacionamento, principalmente com a minha mãe sempre foi um tanto conturbado. Sempre nos amamos incondicionalmente, não me resta dúvidas, mas temos gênios muito parecidos e ideais muito distintos. Quando decidi me mudar, houve toda uma pressão psicológica (pq eu não estava casando, pq estava “abandonando” eles. O problema nunca foi meu namorado, e sim a distância.), chegou ao ponto dela me dizer que eu estava acabando com a vida dela, que não eram os sonhos que ela sonhou pra mim. Mesmo assim vim. Pois eu tinha meus próprios sonhos, além de ter planos profissionais (na minha cidade não há perspectiva nenhuma de emprego na minha área), ainda tinha o lado amoroso que pesava. Mas meus pais nunca desistiram de tentar me fazer voltar, e sempre que podem deixam isso claro.
Há dois meses voltei em minha cidade, pra passar 1 mês com eles. Minha mãe começou a ter umas crises de dor na coluna. Todos os dias chamava ela pra ir ao médico, e ela sempre arrumava desculpas financeiras pra adiar. Passava dia e noite tentando ajudar o máximo possível, mas nunca recebi um “obrigada”, sabe? Ela dizia que eu não estava fazendo mais que minha obrigação. Eu sei, entendo que estava mesmo, mas acho que não custava agradecer. Foi meio que um retrato de todo o tempo que vivi com eles. Meus pais sempre fizeram de tudo por mim, mas meio que sempre buscavam oportunidades de jogarem na minha cara isso.
Hoje ela me ligou, dizendo que precisa que eu volte pra casa, pois não está dando conta de fazer nada sozinha. Me fez uma pressão grande, que não consegue levantar, que dirá dar conta da casa. No fundo eu sei que ela está usando isso pra me fazer voltar.
O que acontece é que neste momento eu não tenho condições de ir, e me sinto culpada Cony, afinal de contas, é minha mãe. Mas eu nao quero que todo o estresse emocional que eu sempre passo lá se repita.
Eu não sei se esse é um chora digno de conselho, mas eu agradeço demais você abrir esse espaço, pq eu acho que só de escrever o que sinto (mesmo que nao explique nem 10% do nosso relacionamento) já ajuda bastante, só botar pra fora! Obrigada mesmo!”
Complicado, mas realmente parece que sua mãe está te manipulando. Porém, VAI QUE ela tá sentido dor mesmo e precisa de você? Bom, falo isso com base apenas no seu relato, você é que vai saber quão verdadeira é a queixa dela. Entendo que você se sinta culpada, mas uma coisa é ter o sentimento, a sensação de culpa, outra é ter CERTEZA que não tem culpa. Não sei bem o que te aconselhar… talvez respirar fundo, ir lá, passar um tempo com ela e segurar todo o stress. Engolir o sapo. E depois voltar pra casa da sua sogra. Não sei se você já tentou conversar com seus pais sobre isso, exatamente da forma que está contando pra gente… Do tanto que te deixa mal, do tanto que você fica triste, do tanto que você quer que eles fiquem bem enquanto você constrói sua vida. E não espere que seus pais te agradeçam o esforço, não mesmo. Se ficar esperando esse feedback deles, isso pode te frustrar ainda mais. Não espere nada em troca (isso é pra vida), faça seu melhor e confie que você está fazendo o certo e que não está prejudicando ninguém.
Chora 02 – Carla
“Cony, eu adoro seu blog, é o único que continuo lendo, você é ótima! Meu problema é o seguinte: Procrastinação! Culpas e Julgamentos alheios.
Terminar meu doutorado significa mais do que um aumento de salário substancial para mim, significa a possibilidade de dar uma vida melhor para minha filha, significa ser uma melhor profissional, será uma realização pessoal, uma afirmação da minha capacidade de fazer uma tese, escrever um artigo, manusear um software, organizar meus dados, organizar meus dias, meus esforços, mais do que qualquer coisa é uma afirmação que eu preciso dar para minha auto-estima.
Meu marido, minha mãe, pai, orientadora, terapeuta, amigos, todos estão me apoiando para que eu consiga. Mas não estou conseguindo fazer, estou travada, estou empacada, estou postergando essa atividade, estou resistindo demais em fazer, preciso me esforçar demais para fazer, não é algo que está sendo natural.
Fico colocando outras coisas na minha cabeça para me dispersar do meu objetivo principal, por exemplo, fico pensando se devo fazer uma plástica no nariz ou não, se eu devo me separar do meu marido ou não, se devo fazer tratamentos estéticos ou não, se devo ir no dentista ou não, fico arranjando culpas para carregar que não são minhas, arranjando desculpas para não fazer.
Vou trabalhar, deixo minha filha com a babá e com meu marido que está trabalhando em casa ou com a minha mãe. E no fim do dia, depois de todo esse esforço mental e essa briga interna que travo para conseguir trabalhar um pouquinho que seja, muitas vezes chego em casa com dor de cabeça e gosto de ouvir música para relaxar, na verdade eu deveria trabalhar também quando chego em casa, seria o certo, pois o tempo está curto e a produtividade quase nula. Mas a verdade é que chego e as vezes vou ouvir música e meu marido reclama que não fico o tempo todo com a minha filha, diz que eu devia dar atenção total a ela já que passo o dia na rua, ela tem 2 anos.
Eu sei que não sou uma mãe negligente, sei que dou atenção a minha filha, mas também quero ter um momento meu, está sendo muito difícil essa situação. Minha questão é: Eu preciso ser julgada pelo meu marido? Eu preciso ouvir dele que estou negligenciando minha filha? Preciso disso? Não tenho direito de ficar chateada com isso? A culpa é uma questão grande que eu tenho, carregava uma culpa que não era minha, tinha culpa por estar viva (longa história de família que já estou trabalhando em terapia), e já me sinto culpada por deixar minha filha em casa para trabalhar e não preciso de uma pessoa que aumente a minha culpa.
Nem falo para meu marido sobre essa questão da procrastinação para fazer a minha tese pois sei que ele iria me julgar muito como já julgou, então não posso dividir essas angústias com ele. Enfim, não sei mais o que fazer para sair dessa situação o tempo está passando e não consigo terminar, está pesado. Sinto que estou travada, parece que não acredito na minha capacidade de fazer isso, não fazer já se tornou uma obsessão. Preciso de uma força. Agradeço desde já! Abraços!”
Você está confusa. Seu texto está confuso. Uma hora reclama da procrastinação, outra hora muda o foco e reclama do marido que reclama de você. Realmente, pelo seu próprio texto deu pra ver que você não consegue focar nas coisas e manter uma linha de raciocínio. Vi que faz terapia por outros motivos, e acho que no fundo tudo é um motivão só. Não sou médico nem nada para dar opinião nesse sentido, mas me parece uma depressão… a falta de vontade de finalizar as coisas, a atitude de confrontar seu marido, de se incomodar com pequenas cobranças… será que ele não tem razão? Sua filha tem 2 aninhos só, você fica o dia todo na rua e quando volta prefere ouvir musica… Não sei… baixa a guarda um pouco, tente olhar suas atitudes de fora, ver o porque disso. Tente se organizar internamente e ter clareza para avaliar sua atual situação. E faça muita terapia, não só pra longa historia da sua família, mas pro seu momento atual também.
Chora 03 – Sheila
“Oi, Cony! Sou leitora fantasminha do Blog mas sempre estou aqui acompanhando tudo… Sempre me julguei a bem resolvida mas às vezes a vida nos coloca em situações em que ficamos meios perdidas e sem saber como agir ou não agir… A história é a seguinte: Eu namoro há 3 anos. Meu namorado é ótimo para mim: companheiro, atencioso, preocupado, não é machista e super paciente, Veio sob encomenda. Somos muito felizes juntos. No entanto nós temos uma diferença: eu tenho 28 anos e ele 20. Isso nunca foi problema no nosso relacionamento pois ele sempre foi maduro porquê começou a trabalhar muito cedo,etc… Há 5 meses abrimos uma empresa juntos e estamos batalhando pelo nosso lugar ao mundo. Ele vem de uma família que sempre foi empreendedora e eu que amo isso, abracei a oportunidade. Nossa empresa ainda é um bebê mas tenho certeza que dará certo pois estou lutando dia e noite por isso. Enfim, além dele trabalhar aqui, ele também trabalha na empresa do pai dele porquê você deve imaginar como é uma empresa nos seus primeiros meses de vida. Ele precisa de outra fonte de renda porquê faz faculdade então aceitou trabalhar também na empresa do pai dele. Fazíamos planos juntos para deixar nossa empresa estável para investirmos ainda mais em outros negócios. Porém ele decidiu que quer mudar de cidade para trabalhar lá, disse que a vivência e experiência que eu tenho ele não tem, que trabalhar na empresa do pai dele não vai fazer ele ir pra frente, etc… Que eu ficaria tomando conta da nossa empresa sozinha e que ele estudaria e trabalharia na outra cidade (120 km daqui) e que todo final de semana a gente estaria juntos. Isso me deixou sem chão pois a gente fazia planos juntos e do nada ele veio com isso. Fico pensando será que ele me ama mesmo? Devo apoiá-lo nessa decisão ou ele está sendo egoísta? Um dos motivos que decidi abrir nossa empresa foi por nós 2, pensei que lutaríamos juntos por algo nosso. Fico me questionando se ele me ama mesmo ou se é somente grato por tudo que fiz por ele (eu o incentivo a ser um homem e pessoa cada dia melhor, a evoluir etc porque acredito que estamos aqui para isso). Mas agora estou perdida… Termino e cada um segue sua vida ou apoio ele na decisão e seja o que Deus quiser? To muito perdida, com medo de colocar muita expectativa da minha vida em cima de uma só pessoa. Voltarei a estudar para concursos mas to tão sei lá… Isso me deixou sem chão. Preciso do seu help tão sincero! Gratidão por esse espaço, Cony!”
Antes de mais nada, quando vocês começaram a namorar você tinha 25 e ele 17???? Eita… tipo, não sou contra diferença de idade, mas em alguns casos a diferença não é no número mas na cabeça e não consigo pensar num boy com 17 anos com boa cabeça para namorar uma mulher de 25. Ainda mais porque nós mulheres amadurecemos antes dos homens. Fiquei até curiosa de saber como tudo começou. Mas enfim, continuemos. Então o caso é que vocês abriram uma empresa juntos e agora ele quer aprendizado profissional longe de você e do pai. Será que ele não tá com muita pressão na cabeça não? O pai de um lado, você do outro… Eu acredito que aconteceu alguma coisa para ele tomar essa decisão e foi pensada, não foi de uma hora para outra como você pensa não. Às vezes você tá tão focada em empreender, em crescer profissionalmente, em trabalhar que não viu algo que está incomodando ele. Se ele está sendo egoísta? Sim, pode ser. Mas isso não é errado, muito pelo contrário, ele tá sendo sincero com ele mesmo, com a vontade dele. Analise bem o relacionamento de vocês, o que aconteceu, como as coisas REALMENTE estão. E se ele quer ir, deixe ir. Ele não disse que ia terminar, as vezes tá precisando por ordem nos pensamentos. Deixa ir… Dê tempo ao tempo e não tome nenhuma decisão precipitada.
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