Futilish

Diário de Viagem – Atacama Dia 4 Parte 2

Saímos do hotel, o que nos levou para nosso segundo lar no deserto, um hostel bem roots que nem vou indicar rsrs. Os quartos eram praticamente iglus MEGA GELADOS. Quando eu vi, logo saquei que passaria frio e falei pra Joana… ela quase congelou durante a noite, mas eu, chileninha que sou, aguentei até bem.

Enfim, às 15h uma nova agência de turismo foi nos pegar para fazer um passeio que muita gente estava indicando: as lagoas escondidas.

Antes de falar como foi o passeio, deixa eu contar sobre a Araya e como chegamos nela… Na verdade, foi a Araya que chegou na gente, pois ela pertence a uma leitora minha, a Roberta! Posso contar uma história de amor? Seguinte, a Roberta foi pro Atacama acho que uns 2 anos atrás com umas amigas e lá conheceu um guia simpaticão, o Sebastian, ou Sebas. Os dois se apaixonaram, começaram a namorar e como casal inteligente que são, empreenderam juntos numa agência de turismo no Atacama que tem um atendimento completamente diferente das outras. Os passeios que eles fazem são personalizados, mais exclusivos e os lanches após os passeios (uma prática comum no deserto) são praticamente BANQUETES! Fiquei chocada com a qualidade e o capricho das mesas que eles montam… Bom, o Sebas fala português perfeitamente então eles cuidam mais do público brasileiro e ó… tá indo bem viu? Super simpático e solicito, foi um guia com bastante informação relevante e interessante.

Voltemos ao passeio: as lagoas escondidas.

Eu estava apenas esgotada pois lembrem-se, tinha acordado às 5:30 para ir aos Geisers del Tatio e dormi praticamente o caminho todo. Quando finalmente chegamos, só vi um vale seco e nada de lagoas. Mas claro né Constanza… qual o nome delas mesmo? Lagoas ESCONDIDAS. E é um passeio relativamente novo, já que tem apenas uns 4 anos que elas foram “liberadas” para turismo.

Caminhamos um pouco e chegamos na primeira lagoa. Ao total são sete, sendo que só se pode nadar na primeira e na última. O Sebas tem um timing excelente e nos levou lá antes que chegasse a enxurrada de turistas, e assim poder aproveitar mais tranquilamente. Como o solo tem alta concentração de sal, essas lagoas são super salgadas, tendo maior concentração de sal que o Mar Morto! E o que isso significa? Boiar e boiar na água. Impossível mergulhar lá, muito pelo contrário, é totalmente contraindicado! Imagina aquele monte de sal no olho? Pois é.

O passeio foi na parte da tarde e estava calor. É bom já ir de roupa de banho mas se não for, não se preocupe, tem um lugar lá para trocar. Nos pés, sapatos fechados pois rola uma caminhada no meio das pedras que se for de chinelo, pode machucar os pés.

As lagoas são de um azul absurdo e eu imaginei que era pelo mineral que poderia estar nelas mas não… são azuis porque refletem o céu! Algumas são mais rasas que as outras e quanto mais profunda, mais azul. Ah, uma dica, é bom levar aqueles shorts de corrida, levinhos, pois estava bem quente quando fomos e eu sofri com a calça jeans.

Chegamos na última lagoa que era a recomenda pelo Sebas para nadar. Por um momento amarelei e achei que não teria coragem de entrar na água que estava GELADA!!!! Mas como a Joana falou… quando que na vida teria outra oportunidade como essa? Bora lá, ficar de maiô e encarar aquele gelo!

Quando entrei, simplesmente não conseguia acreditar naquilo… eu boiava desesperadamente e contra minha vontade rs. É até ridículo tentar nadar, não dá mesmo! Uma loucura aquele lugar! Fiquei brincando um bom tempo, fizemos fotos lindas e foi a conta de chegar um monte de turistas. Mais uma vez, o Sebas tinha razão quanto ao horário de visitas.

Depois de me deliciar naquela lagoa gelada e altamente boiante, voltamos para onde estava o carro estacionado e lá nos esperava mais um banquete, com uma vista maravilhosa. Tinha comida japonesa, saladas, ceviche, vinho branco, espumante… nesse nível! Desse jeito vou ficar mal acostumada… ah! Tem duchas para tirar o sal ok? É mega importante e necessário uma ducha rapidinha para ficar mais confortável!

O cansaço tomou conta de mim e ainda tinha mais um passeio com a Araya… um tour astronômico com índios atacamenhos e explicação ancestral das estrelas!!!

Descansamos por alguns minutos e lá pelas 21:30 fomos para o refúgio indígena. Gente, deu medinho. Um caminho escuro de tudo e ainda ir pra um refúgio indígena que sabe lá o que teria. Fomos recebidos pelo casal Carlos e Sandra, super simpáticos e cheio das histórias, como que por exemplo, San Pedro de Atacama foi construída sobre um cemitério indígena. Ok, não me contem mais! hahahah

Esse tour é exclusividade da Araya e recomendo DEMAIS! É uma imersão na cultura do Atacama e “ler” e entender as estrelas pela visão dos índios é muito mais interessante. Além disso, o céu do deserto é o mais claro do mundo, onde dá pra ver TODAS as estrelas. A gente vê a Via Láctea desenhadinha! O céu é tão perfeito que lá no meio tem um território internacional que se chama ALMA (Atacama Large Millimeter Array), um complexo rádio observatório constituído por 66 antenas, fruto de uma parceria de países da Europa, Ásia, America do Norte e claro, cooperação chilena. O Deserto do Atacama é um dos maiores sítios de observação astronômica do MUNDO!

Nesse passeio visitamos umas ruínas indígenas que estão entre as 3 mais antigas do mundo. Tudo isso no meio da escuridão, com direito a visita a uma réplica de casa indígena e caminhada pelo deserto. Em um determinado ponto, o Carlos estende uma pele no chão onde mostra o significado das estrelas. Coisa mais linda. E ainda vi 2 estrelas cadentes. Eu tava com muita dificuldade de ver, enquanto que todo mundo já tinha visto a sua estrela cadente, só eu que não. Daí o Carlos fez uma mini meditação comigo e disse que eu tinha que olhar para o céu como um todo e não apenas para um ponto. E vi a minha primeira estrela cadente no deserto. Levarei esse aprendizado pra vida. Olhar as coisas como um todo e não focar apenas em um ponto… daí a gente enxerga melhor e as coisas acontecem. Ah Atacama, até isso fez comigo!

Depois desse passeio, fomos tomar um chocolate quente e voltamos pro hostel. No dia seguinte, nosso último passeio…

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